Rita Vasconcelos

Desde a 1.ª hora com Grupo Pestana


Rita Vasconcelos cedo sente vontade de ultrapassar as fronteiras que a ilha impõe.
Consegue ir estudar línguas para a Suíça. Mas a saudade aperta. Regressa ao Funchal. Continua a estudar línguas. Candidata-se e entra facilmente no hotel que hoje se chama Madeira Palácio.
Pouco tempo depois entra no novo Madeira Sheraton, um empreendimento da família Pestana, gerido pela multinacional.
Hoje é a colaboradora mais antiga do Grupo Pestana.

por: Paulo Camacho

 
Quando chega ao 5.º ano (actual 9.º), Rita Vasconcelos tem um desejo forte de iniciar novos voos. Voos que a levem para novos desafios e para fora da ilha.
O pai defende que continue a estudar no liceu até ao 7.º ano. Depois logo se via.
Rita Vasconcelos não se conforma. Quer outra saída, mais cedo, talvez para estudar línguas nos institutos de novas profissões.
Dá-se o caso de haver um casal suíço, amigo dos pais. Pede-lhes que convençam o pai a deixá-la sair da ilha.
De um momento para o outro, o pai, apesar de contrariado, permite que vá para a Suíça, com o casal amigo.

Estudos na Suíça

Vai em Outubro. Inscreve-se numa escola em Zurique, de línguas estrangeiras. Não tem colegas portugueses. Já conhece o francês da escola e o alemão, que aprende na Academia de Línguas.
Na Suíça aperfeiçoa muito bem o francês. E afina o alemão na escola. Para seu desgosto, não vem de férias no Natal. Vê cair neve em abundância pela primeira vez. Os efeitos das pinceladas da natureza fascinam.
Na passagem do ano fica em casa, a ouvir rádio e comer bolos de mel para matar saudades da família muito unida. E da Madeira. Com dificuldade, passa meses no país dos relógios.
O espírito de aventura esmorece. O desejo de vir de férias é mais forte. Até porque está ciente do sofrimento da mãe, que além de si, tem um filho fora, na guerra do ultramar.
Um dia, o irmão vem de férias. Aproveita e também vem matar saudades.

O regresso

Durante a viagem, no avião, sente que não mais voltará a estudar na Suíça.
Assim, já na ilha, começa à procura de emprego. Se encontrar, abandona definitivamente o regresso. Continua a estudar línguas. Por essa altura, estão de abertura novas unidades hoteleiras na Madeira: o Madeira Hilton (hoje Madeira Palácio) e o Madeira Sheraton (Pestana Carlton Madeira).

O primeiro emprego

Sem nunca planear entrar no mundo do turismo, candidata-se. Consegue entrar para o Madeira Hilton em 1971. Entra para as reservas. Tem como chefe um francês. Uma colega é igualmente gaulesa. Desde muito cedo trabalha com estrangeiros.
O facto de ter estado na Suíça foi decisivo para entrar no novo hotel de cinco estrelas.

O Grupo Pestana

Passado um ano está em fase de abertura o Madeira Sheraton. É convidada a entrar. É o primeiro passo que a liga ao Grupo Pestana e a faz hoje a colaboradora n.º 1 de todo o grupo. Ainda se lembra perfeitamente da inauguração do hotel, que contou com a presença do Presidente da República Américo Thomaz. Nesse dia, a passadeira vermelha estendida no chão para a passagem dos convidados desaparece pouco tempo depois. Até hoje.
É a primeira pessoa a fazer uma reserva para o cinco estrelas.
Entra na unidade como supervisora de reservas. Tem como director um grego.

Apoio da família

Uns anos depois passa a subchefe de recepção. O chefe é Norberto Henriques.
Diz que é uma experiência engraçada trabalhar com o colega, hoje empresário. É com a sua saída que passa a chefe. Neste início de carreira casa. E tem filhas.
A vida da hotelaria exige muito dos profissionais. São muitas horas a trabalhar.
Reconhece que, em muitas alturas, está ausente. Ausente de momentos importantes nos primeiros anos das filhas. Uma falta que diz ter sido muito bem preenchida pelo marido, bancário, e por uma tia, irmã do marido. É como uma avó para as filhas. Hoje sente alguma mágoa pela ausência.
A dada altura começa a trabalhar mais de perto com Susana Sousa, hoje directora
o Pestana Palms. Diz que sempre fizeram uma equipa excelente.

Tudo a 100%

Entretanto, o Grupo Pestana começa a apostar no “time-sharing”. Como é responsável pelos alojamentos, tem a responsabilidade de ter tudo a 100% para a chegada dos primeiros clientes. É uma experiência que considera gratificante.
Depois dá-se a segunda fase do Madeira Beach Club, onde o grupo arranca com o “time-sharing”.
Mais tarde, acompanha igualmente o aumento de 100 quartos na torre do hotel. Lembra-se de alguns contratempos que encontra para ter tudo a postos na inauguração. Mas tudo corre bem, e é gratificante, porque, como diz, é muito bom e motivador trabalhar com Dionísio Pestana.
Entretanto, o empresário decide construir um novo hotel, o primeiro quatro estrelas.

A 1.ª directora-geral

Surge o convite a Rita Vasconcelos para ir para o Atlantic Gardens. Aceita. Considera que fez bem aceitar o desafio. Um desafio grande de que não está minimamente arrependida. Vai em Janeiro de 1991 para um hotel que abre em Junho. Tal como nas unidades anteriores, entra num hotel ainda em construção.
É a primeira mulher directora-geral de um hotel na
Madeira.
As boas relações com o operador turístico alemão Tui apoiam os primeiros tempos. Por isso mesmo, o hotel tem boa aceitação e uma boa ocupação, principalmente com os mercados alemão e escandinavo.

Um novo 4 estrelas

E é precisamente por este sucesso que Dionísio Pestana decide investir na construção de mais um hotel, junto ao Pestana Atlantic Gardens, que tem alguns apartamentos vendidos em regime definitivo. Os residentes podem usufruir dos serviços do hotel, tal como um cliente hospedado temporariamente.
Pouco tempo depois nasce o Pestana Atlantic Bay, um quatro estrelas que cresce na Praia Formosa. A abertura dá-se em Novembro de 1995. Uma festa memorável com um fim de tarde cheio de sol.
Rita Vasconcelos acumula o cargo de directora-geral nas duas unidades, que têm sucesso desde a abertura. Os questionários que recebe dos clientes são positivos.
E, com certeza, serão ainda melhores quando saírem os depósitos da Shell. Aliás, é por saber deste “handicap” que sempre tem transmitido a toda a sua equipa a necessidade de um esforço constante e redobrado para satisfazer o cliente.
Há que os redobrar com atenções.
As cartas de agradecimento que recebe de alguns clientes são um tónico importante para alimentar o ego de uma profissional discreta.

Aprendizagem

Passado este tempo, Rita Vasconcelos realça que a sua universidade é a Sheraton.
É lá que lhe dão formação na Região. E muita fora dela, na Europa e nos Estados Unidos da América.
Na altura em que é “frontoffice manager” recebe um prémio: melhor chefe de departamento da Sheraton na Europa. Considera um importante marco no seu percurso.
Depois faz um curso na Escola de Hotelaria da Madeira, um curso para gestores de hotéis.
De há algum tempo a esta parte, conta também com grande apoio do Grupo Pestana, que dedica uma especial atenção à formação dos seus quadros. Além de tudo isto, navega pela Internet em busca de informação constante. Neste âmbito conta igualmente com o apoio sempre presente do marido. Reformado, dedica algum do seu tempo livre à Internet, em busca de notícias.

Novas tecnologias

A juntar a isso, existem as informações do próprio grupo. Para mais actualização, lê jornais e revistas, generalistas e específicos.
A nível das novas tecnologias, utiliza igualmente o correio electrónico. É uma ferramenta rápida que não dispensa.

Recordações

Guarda gratas recordações de alguns directores, como Gerd Bauer, uma pessoa com quem trabalha e aprende muito. É exigente e disciplinada, características que bebe e aplica hoje em dia.
Hoje mantém um relacionamento estreito com outra directora-geral de um hotel do grupo na Madeira, Susana Sousa, do Pestana Palms. Partilham muita informação.
Considera que chegar aonde chegou não é tarefa fácil. Ser casada e com duas filhas, assumir o papel de mãe e esposa e ainda estar à frente de dois hotéis exige muito. Sente pena de não ter dedicado mais tempo à família. Mas são opções.

A pintora escondida

No domínio dos “hobbies”, gosta de ler livros. Gosta muito de Gabriel Garcia
Marques. Gosta igualmente de andar a pé. Vê televisão. Triunfadora, aprecia a “Operação Triunfo”, das televisões espanhola e portuguesa.
Gosta igualmente de se reunir em família, um hábito antigo que continua a acontecer todos os sábados.
Um dia espera realizar o sonho de desenhar e pintar. Espera a oportunidade.
Normalmente, entra pelas 9 horas e deixa o hotel pelas 19/19.30 horas.
Hoje em dia, Rita Vasconcelos conta com cerca de 100 pessoas a trabalhar directamente sob a sua responsabilidade.
Partilha muita informação com os seus colaboradores mais directos. Entende que é uma boa forma de conseguir manter e/ou melhorar os objectivos traçados. Se todos conseguem atingir os seus objectivos, a unidade e o grupo são recompensados.
Orgulha-se de ter uma grande equipa a trabalhar consigo.

BI

Nome: Ana Rita Pereira da Silva
Vasconcelos
Data de nascimento: 1950-6-24
Naturalidade: São Pedro, Funchal, Madeira
Estado civil: Casada
Filhas: 2 (já licenciadas)

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