João Rodrigues


Atleta e empresário de corridas de fundo


A dinâmica imposta por João Rodrigues leva a empresa criada há cerca de 20 anos à liderança sustentada do mercado da Região Autónoma da Madeira. Uma das linhas mestras da sua estratégia de gestão é a descentralização, o que aliás é evidente na actual estrutura executiva do Grupo.
Quando era criança queria ser piloto de aviões ou médico. Nunca passou pela mente de João Rodrigues ser o que é hoje, um empresário de sucesso. O que lhe dá grande prazer.
 
É o único filho rapaz e tem uma irmã com menos seis anos. Estuda normalmente até aos 15 anos, altura em que o pai morre e se vê forçado a procurar trabalho. Obrigado a trabalhar, não desiste, e assume o estatuto de trabalhadorestudante. Conclui o sétimo ano dos liceus, equivalente ao actual 11.º ano.
O primeiro emprego é na empresa Manuel da Silva Peixoto. Aqui fica durante sete anos, na secção de tecidos localizada na rua do Sabão.
Deste período reteve dois princípios fundamentais para o mundo dos negócios, quiçá, determinantes para o seu sucesso, trabalho, muito trabalho, e seriedade.

Anúncio muda

Mais tarde responde a um anúncio num jornal diário, sem vislumbrar o quanto tal atitude mudaria a sua vida.
É então solicitado um vendedor para uma empresa de equipamentos para a hotelaria com sede em Santo António.
Está lançada a primeira pedra no percurso que o traz até hoje.
Ali fica quatro anos e quatro meses, o tempo necessário para se aperceber da existência de um mercado potencial com espaço por preencher. Vê que a Utilmóvel trabalha apenas num segmento desse mercado e deixa em aberto outros como loiças e mobiliário para hotelaria.
Esta visão estratégica leva-o a dar o mais decisivo passo da sua vida. Juntamente com um amigo, abre uma empresa para complementar a actividade da Utilmóvel.

A 1.ª empresa

Assim nasce a Valter & Rodrigues há 20 anos, precursora da Aquimadeira, que surge dois anos depois. Resulta da mesma empresa, embora tenha havido mudança na estrutura societária.
Começa por preencher o vazio no mercado.
Depois de um trabalho em simultâneo entre a nova empresa e a Utilmóvel, depara-se com a situação crítica desta, onde o avolumar de problemas condiciona o seu encerramento.
A nova realidade do mercado possibilita o alargamento da acção da Aquimadeira e consequente evolução positiva da sua actividade.
Em poucos anos atinge a liderança do mercado regional dominando o sector desde a área dos supermercados, hotelaria, restauração, padarias e pastelaria.

A dinâmica

A pressão produzida por este crescimento no mercado insular conduz à expansão geográfica da empresa, que, numa primeira fase, se confina ao continente português. Mas hoje, mercê do reconhecimento e qualidade patenteada fora da ilha, estende-se da Polónia ao Brasil.
E atinge esta performance mercê da dinâmica imposta por João Rodrigues, que é presidente do Conselho de Administração da holding Aquiram, que insere a Aquimadeira, e outras 20 empresas do grupo.
A dimensão alcançada não se coadunava com a estrutura física das instalações, nem com a sua dispersão. Surge, por necessidade, uma nova e moderna unidade, situada no Ribeiro Seco.

Referência

A realização deste projecto há 11 anos possibilitou a melhoria importante da qualidade dos serviços prestados por esta holding.
Esta concentração de meios, a melhoria de recursos técnicos e seu reflexo na componente humana foi determinante na modernização da empresa. Modernização que tornou o Grupo Aquiram um dos grupos empresariais de referência.
A instalação original com 200 m2, situada na Rua dos Ferreiros, é hoje o espaço Aquimadeira Casa, com toda a gama para a cozinha doméstica.
A primeira empresa, a Aquimadeira, faz o percurso na liderança do sector. Depois, o grupo diverge para outras áreas.
A primeira é na construção civil. Passa a fazer parte do portfólio do grupo IlhoConstruções.
Mais tarde surge a hotelaria, com a Hotel Ram.
Deste modo assistimos a uma verticalização do grupo que já permitiu construir, equipar e explorar um mesmo empreendimento. Tal aconteceu, por exemplo, com o hotel Quinta do Estreito.

As sub-holding

O grupo de João Rodrigues estende igualmente a sua actividade à indústria, através da Ilha Peixe, que faz filetagem do peixe-espada. É a primeira empresa nacional certificada para a filetagem, congelação e embalagem de peixe. É a empresa 001. Hoje exporta para Venezuela, África do Sul, França, Itália, Alemanha, Austrália, Espanha e Portugal continental. E mais não faz por não haver matéria-prima.
Actualmente, a SGPS (Sociedade Gestora de Participações Sociais) Aquiram, criada há sete anos, integra uma multiplicidade de empresas. A nova estrutura do grupo assenta em três grandes sub-holding: uma para a hotelaria, outra para o comércio e serviços, e ainda uma outra para o imobiliário.

Hotelaria

No domínio da hotelaria tem a Quinta do Estreito, um projecto criado de início pelo grupo. Não obstante, a primeira unidade é a Quinta Perestrelo, comprada já em velocidade de cruzeiro, mas ampliada ligeiramente há pouco tempo.
Este ano, o grupo adquire o hotel Quinta do Monte e está em fase final de construção da Quinta das Vistas Palace Gardens, que abre em Maio. Será o hotel de bandeira do grupo, com uma localização privilegiada.
Na base de todas as unidades João Rodrigues deixa bem claro que está o projecto das “quintas madeirenses” e hotéis de charme. Reconhece que se trata de um produto que não vende com grande facilidade a grandes grupos, nem é esse o turista-tipo que pretende. Mas entende que o projecto tem tido uma aceitação crescente no mercado.

Olho no Brasil

Agora, a ideia é chegar às 500 camas com as quintas. Depois de consolidar estes projectos e avançar com o do Porto Santo, não esconde que está nos seus horizontes dar um passo de gigante para o Brasil, um país onde vê grandes potencialidades de negócio nesta área.
No comércio e serviços têm a Climade, uma empresa fortemente implantada na região a nível do ar condicionado e da ventilação e extracção.
Está ligado a elevadores e mobiliário de cozinhas domésticas, para enumerar só algumas das empresas do grupo Aquiram.
João Rodrigues há já algum tempo que saiu da Madeira com a Aquiram, através da Hiperfrio. A empresa já fez mais de 120 instalações em todo o território nacional a nível de hipermercados e supermercados, principalmente ligado ao grupo Jerónimo Martins, além de outros projectos de cadeias menos conhecidas, de grande importância para os locais onde estão inseridos, nomeadamente nas cidades de Aveiro, Coimbra, Faro e Porto.
Na Polónia, o Grupo participou na construção de seis hipermercados com áreas de 10/12 mil m2, cada, com toda a área de frio e gestão do próprio funcionamento.

Fórum Madeira

No domínio da imobiliária, o grupo está agora empenhado na construção do seu maior projecto nesta área: o Monumental Park, no Funchal, com 198 apartamentos e mais de 20 lojas comerciais.
Junto ao empreendimento será erguido o Fórum Madeira, um centro comercial cujo projecto está a ser desenvolvido em parceria com os holandeses da MDC, grandes especialistas neste domínio.
João Rodrigues espera arrancar com as obras dentro de um/dois meses e tê-lo concluído dois anos mais tarde.
Será um projecto inovador e que se irá desenvolver maioritariamente ao nível do subsolo.
Terá um grande supermercado, lojas diversas, restaurantes, sete salas de cinema, três parques de estacionamento. Com excepção dos restaurantes e dos cinemas tudo fica abaixo do solo.
Por isso, juntamente com o Monumental Park, será um dos maiores projectos imobiliários feitos na Madeira, orçado em cerca de 18 milhões de contos, 15 milhões dos quais só para o centro comercial.
Ainda em parceria com a MDC, vai estar ligado ao projecto que a empresa dos Países Baixos tem entre mãos para os terrenos do Sporting, em Lisboa.

O universo de João

A Aquiram, liderada por João Rodrigues, representa um universo com 375 colaboradores com uma facturação em 2001 de 10 milhões de contos, sem contar com a parte imobiliária.
Uma das linhas mestras da sua estratégia de gestão é a descentralização, o que aliás é evidente na actual estrutura executiva do grupo.

A cara do grupo

Para se manter na situação de liderança, João Rodrigues não esconde que é a cara do grupo. Contudo, diz que a empresa é hoje, também, em grande parte, fruto do empenho de todos quantos nela trabalham. Entende que sem um forte capital humano não conseguia chegar tão longe.
Não obstante, entende que tem de haver uma liderança que tome decisões. Embora, nas sub-holdings, tenha profissinais competentes à frente das mesmas, que lhe permitem estar à vontade e ter menos necessidade de intervenção directa.
Além disso, em todas as empresas têm um sócio gestor, especialista na sua área, que faz com que funcionem o melhor possível.
No domínio dos hobbys tem hábitos de ler e tirar proveito das potencialidades da Internet.
Levanta-se pelas 7.30 horas. Vai pôr o filho à escola e começa a trabalhar. O regresso a casa dá-se pelas 20 horas.
Apesar de hoje não praticar o desporto da forma como pretendia, há mais anos chega a ser atleta federado. Nessa altura é conhecido por Manecas e é um corredor de fundo, em provas de cinco mil e dez mil metros, maratonas, voltas à cidade, entre outras.
Foi, inclusive, treinador de um clube que chegou a campeão da Madeira de juniores femininos: a Juventude Cristã de Santo António. 


2002-04-19

Comentários

  1. Grande Manecas, um abraço de saudades do "Freitinhas"

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  2. Grande Manecas, um abraço de saudades do "Freitinhas"

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